domingo, 21 de setembro de 2014

Insegurança e tédio nas cidades grandes


   O que tem uma cidade grande, como São Paulo, a oferecer às pessoas? Muitos falariam das opções culturais, como teatros, museus, casas de espetáculos, alguns parques e...shoppings centers. Mas como as pessoas fazem o uso da "cidade"? O que quero dizer com isso é que, assim como diz Zygmunt Bauman, em uma das citações que compõe o artigo de capa - que reflete sobre os "rolezinhos" - é que a cidade grande está perdendo os atrativos da vida urbana como a espontaneidade e a exibilidade, por exemplo.
  Andar nas ruas, a não ser para se locomover de um lugar a outro, parece uma ação descabida. Sentar em um banco das (poucas) praças que existem nas grandes cidades não parece ser uma opção. Ou seja, as pessoas não utilizam, não aproveitam, não ocupam as áreas externas da cidade. E parece estar instaurado no inconsciente coletivo que o natural é se prender em locais fechados. É claro que a violência e, consequentemente, a insegurança são motivos aparentes e justificáveis. A insegurança que alimenta o medo, aliás. O problema, entretanto, é a falta de consciência crítica a esse respeito, ou seja, não se utilizar da cidade é considerado algo normal. O resultado disso, conforme continua Bauman, muitas vezes, é o tédio, "a alternativa à insegurança não é a beatitude da tranquilidade, mas a maldição do tédio. É possível derrotar o medo e ao mesmo tempo suprimir o tédio?". Essa é minha questão também.
   E, como um dos resultados dessa ferida, vemos hoje o fenômeno dos "rolezinhos". Onde estão as opções de lazer, de cultura, de uma boa educação? Por que muitas pessoas se incomodam com isso e denominam "invasão", como se não fosse resultado de uma ferida causada também pelo desequilíbrio oriundo do capitalismo? Essa é uma importante reflexão.
  Qual será o nosso futuro considerando essas novas tecnologias? Será que as questões éticas serão resolvidas apenas com leis e normas, já que é tão simples burlar sistemas e "roubar" informações?
  O caderno Reflexão e Prática, destinado ao professor, com os já clássicos temas sazonais, aborda o centenário de Dorival Caymmi, relacionado a ambiguidade de seu romantismo com a filosofia. Além disso, as também clássicas e instigantes colunas de Cinema, de Flávio Paranhos, e de Filosofia da Mente, de João Teixeira. 

  Desejo uma ótima leitura e grandes reflexões. 

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