sexta-feira, 25 de julho de 2014

Em busca da felicidade

O que significa ser feliz? 

"Feliz aniversário","Feliz Ano-Novo","Felicidades".
    As saudações são nossos votos para aqueles que estimamos. E desejamos o mesmo para nós: ser feliz. Mas é possível ser feliz? Em que consiste a felicidade?
    Alguns, mais pessimistas, acham a felicidade um sonho impossível. Os problemas do cotidiano, os sofrimentos físicos e morais, a fome, a pobreza, a violência, o tédio são empecilhos severos. Mas será que mesmo essas pessoas não têm um fiapo de esperança de ter uma vida melhor?
    Para outros, como vemos na publicidade, a felicidade estaria nos momentos de consumo, longe do trabalho, com todo o conforto e prazer que o dinheiro pode lhes dar: um carro, um iate, roupas de marca, ausência de sofrimento, um doce "nada fazer"...Por isso tantos esperam as férias, a aposentadoria ou o prêmio da loteria.
   Como explicitação dessa felicidade fantasiosa, em algumas revistas os famosos estampam apenas sorrisos, enquanto em outras é exposta com certa crueldade a intimidade de relações malsucedidas, brigas, internações para tratamento de dependência de drogas ou para mais uma cirurgia plástica, na luta contra o envelhecimento.
   Pelos consultórios médicos passam pessoas com estresse, a doença do nosso tempo. O enfrentamento de depressões desemboca na banalização do consumo de psicofármacos - as "pílulas da felicidade". Sob essa última perspectiva, a felicidade é vista pelo se avesso: como a não dor, o não sofrimento, a não perda. De certo modo, representa a adequação das pessoas a comportamentos padronizados, ao que Nietzsche chamaria de "felicidade de rebanho".

Para refletir 

No livro Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, as pessoas permanecem sempre jovens e são "felizes" porque tomam o soma, uma droga que impede a manifestação da tristeza e do sofrimento. Seria isso a felicidade? 

   Ao contrário dessa busca cega, a felicidade encontra-se mais naquilo que o ser humano faz de si próprio e menos no que consegue alcançar com os bens materiais ou o sucesso. Não se veja aqui a acusação de que rico não pode ser feliz nem o elogio ao despojamento ou à pobreza. Queremos dizer que, no primeiro caso, apenas as posses não nos tornam felizes, porque a riqueza nunca é um bem em si, mas um meio para nos propiciar outras coisas.
   O que se percebe é que na busca da felicidade muitas vezes as pessoas dela se afastam. A esse respeito, diz Aristóteles:
  
  "Ora, esse é o conceito que preeminentemente fazemos da felicidade. É ela procurada sempre por si mesma e nunca com vistas em outra coisa, ao passo que à honra, ao prazer, à razão e a todas as virtudes nós de fato escolhemos por si mesmos [...]; mas também os escolhemos no interesse da felicidade, pensando que a posse deles nos tornará felizes. A felicidade, todavia, ninguém a escolhe tendo em vista algum destes, nem, em geral, qualquer coisa que não seja ela própria." 

  Conforme a ética aristotélica,conhecida como eudemonismo, as ações humanas tendem para o bem e o bem supremo é a felicidade. E esta significa a realização da excelência (o melhor de si), que é a sua natureza de ser racional. 

Etimologia 
Eudemonismo. Do grego eudaimonia, "felicidade". 





Nenhum comentário:

Postar um comentário