A ampla
pesquisa do conhecimento de si, que desenvolve desde as primeiras indagações
socráticas até às novas tecnologias atuais teve êxito? E se sim, elas ajudaram
o homem no viver melhor?
O homem tem
muitos motivos para orgulhar-se de seus feitos. Acredita fielmente na sua
capacidade de conhecer. Como verdadeiros arautos da Ciência, chegamos aos
confins do universo. Planetas e estrelas desvendados em seus detalhes e
pormenores. Chegamos às fronteiras do tempo e do espaço, ao começo de tudo. Dos
maiores e mais ousados limites, chegamos também aos menores. Dos tecidos, vimos
as células, os projetos da vida do DNA, os tijolos da matéria nos átomos e até
mesmo aquilo de que são feitas as partículas “indivisíveis”.
A fenomenal viagem do conhecimento é
vigorosa, e, quem sabe, nunca tenha sido tão próspera quanto nos dias de hoje.
Com a ajuda da Tecnologia, fazemos o impensável, visamos ao infinito. Mas,
ainda, o filósofo pergunta: por mais vigoroso que seja este desenvolvimento, no
que ele nos ajuda a viver melhor?
A esta mesma Tecnologia que nos leva a
fazer o antes impensável, atribuímos outras tantas utilidades. Buscamos
resolver nossos problemas recorrendo a elementos externos a nós. Remédios para
a tristeza, fórmulas existenciais, viagens, idas ao shopping. A própria ideia
de uma indústria do entretenimento pode ser vista como alienante de nós mesmos,
realizando na fantasia desejos da vida real.
Ocupamos nosso tempo com todas as
distrações que a sociedade pode nos apresentar. E, ainda, não param de subir os
índices de tristeza, depressão, insatisfação, tédio. Buscando alegrias fora de
nós, cada vez menos somos capazes nós mesmos de gerá-las. Com tantas rotas de
fuga existenciais, falhamos em perceber e em exercitar a capacidade de lidar
com as intempéries da vida, tão inevitáveis como qualquer fato natural.
Preocupados em sermos mais tecnológicos, perdemos a chance de sermos mais
humanos.
Na Filosofia, o tema sobre o conhecimento
de si encontra suas versões mais preocupadas com a felicidade e com o bem viver,
valorizando e preservando nossa humanidade. Que não tem por finalidades nos
tornar mais eficazes ou mais rentáveis, apenas mais felizes.
Muitas foram as abordagens filosóficas do
conhecimento de si. Elas passam de uma tomada de consciência inicial para uma
disposição de vida. Um novo modo de viver, cuidando de si mesmo, atento às especificidades
e necessidades que são só nossas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário