Por que será,
então, que as pessoas tendem a expressar poucas dúvidas, a fazer tão poucas
perguntas umas às outras em seu dia a dia?
Isso pode ser
observado, por exemplo, na sala de aula. Quando uma professora ou um professor
pergunta à classe se alguém tem alguma dúvida sobre o que acabou de expor, qual
é a reação mais comum? Silêncio ou algumas perguntas tímidas. A maioria tem
alguma dúvida – ou muita dúvida -, mas não ousa expressá-la. Essa postura
ocorre também nas universidades, nas empresas, em encontros culturais, nos
almoços e jantares, nas mesas de bar etc. Por que isso é tão frequente?
Uma explicação
pode estar na dificuldade de expressão, isto
é, na dificuldade de encontrar as palavras certas para expressar a dúvida que
se tem, o que é muito comum. Outra explicação seria que grande parte das
pessoas não ousa expressar sua dúvida por medo
de falar em público. Esse temor também é bastante comum. O desenvolvimento
de maiores habilidade de expressão linguística e de comunicação oral poderia
mudar bastante esse cenário.
Há, porém, uma
explicação que nos parece mais fundamental: muita gente acredita, mesmo sem
estar consciente disso, que ter dúvidas e perguntar é expor uma debilidade, um sinal de dificuldade
intelectual ou de falta de “conhecimentos”. Como nossa cultura valoriza muito a
inteligência e a informação (ou, pelo menos, o parecer inteligente e bem informado
sobre tudo), poucos se arriscam a ser interpretados como tolos, ignorantes ou
confusos ao fazer uma simples pergunta (foi essa a impressão inicial que passou
Sócrates na anedota, não foi?).
Assim, a conversação entre as pessoas costuma
ser, com frequência, uma sucessão de monólogos ou de enfrentamentos, em que
cada um dos interlocutores está mais preocupado em dar o contra ou exibir seus “conhecimentos”,
suas certezas, do que em entender o outro ou aprender com ele – ou junto com ela. Em
resumo, o que está em jogo é mais o amor-próprio, a vaidade pessoal do que a
aprendizagem. E, quando não entram nessa disputa, as pessoas “optam” pelo
silêncio.
Isso tudo nos
parece um grande equívoco. Perguntas são, no mínimo, a expressão do desejo de
conhecer mais sobre algo ou alguém, do interesse pelo que pensa, sente e é o outro.
Portanto, elas se complementam com a atitude de saber escutar, de dar a adequada atenção ao que o outro questiona ou
propõe, de tal maneira que possa haver uma verdadeira troca de percepções e
reflexões. Muitas vezes descobrimos nesse processo, nesse diálogo respeitoso,
que a outra pessoa – que obseva o mundo a partir de uma perspectiva diferente
da nossa – percebeu coisas que não tínhamos percebido ainda, notou problemas
nos quais não havíamos pensado até então. Isso ampliará nossa maneira ver as
coisas e a nós mesmos, ampliando nossos horizontes
e possibilidades de escolha para a construção de uma vida mais justa,
sábia, generosa e feliz.
Obrigada vc me ajudou muito
ResponderExcluirQue bom! Espero poder ajudar mais vezes, Gio. :*
ResponderExcluirMinha pomba
ResponderExcluirEsta Resumido ?
ResponderExcluirObrigada 😊😊😸
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