quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Problemas do empirismo


O empirismo, por sua vez, se defronta com um problema insolúvel.
Se as ciências são apenas hábitos psicológicos de associar percepções e idéias por semelhança e diferença, bem como por contigüidade espacial ou sucessão
temporal, então as ciências não possuem verdade alguma, não explicam realidade
alguma, não alcançam os objetos e não possuem nenhuma objetividade.
Ora, o ideal racional da objetividade afirma que uma verdade é uma verdade
porque corresponde à realidade das coisas e, portanto, não depende de nossos
gostos, nossas opiniões, nossas preferências, nossos preconceitos, nossas
fantasias, nossos costumes e hábitos. Em outras palavras, não é subjetiva, não
depende de nossa vida pessoal e psicológica. Essa objetividade, porém, para o
empirista, a ciência não pode oferecer nem garantir.
A ciência, mero hábito psicológico ou subjetivo, torna-se afinal uma ilusão, e a
realidade tal como é em si mesma (isto é, a realidade objetiva) jamais poderá ser
conhecida por nossa razão. Basta, por exemplo, que um belo dia eu ponha um
líquido no fogo e, em lugar de vê -lo ferver e aumentar de volume, eu o veja gelar e diminuir de volume, para que toda a ciência desapareça, já que ela depende da repetição, da freqüência, do hábito de sempre percebermos uma certa sucessão de fatos à qual, também por hábito, demos o nome de princípio da causalidade. Assim, do lado do empirismo, o problema colocado é o da impossibilidade do conhecimento objetivo da realidade.


RESUMINDO…  

Do lado do inatismo, o problema pode ser formulado da seguinte maneira: como
são inatos, as idéias e os princípios da razão são verdades intemporais que
nenhuma experiência nova poderá modificar.
Ora, a História (social, política, científica e filosófica) mostra que idéias tidas
como verdadeiras e universais não possuíam essa validade e foram substituídas
por outras. Mas, por definição, uma idéia inata é sempre verdadeira e não pode
ser substituída por outra. Se for substituída, então não era uma idéia verdadeira e,
não sendo uma idéia verdadeira, não era inata.
Do lado do empirismo, o problema pode ser formulado da seguinte maneira: a
racionalidade ocidental só foi possível porque a Filosofia e as ciências
demonstraram que a razão é capaz de alcançar a universalidade e a necessidade
que governam a própria realidade, isto é, as leis racionais que governam a
Natureza, a sociedade, a moral, a política.
Ora, a marca própria da experiência é a de ser sempre individual, particular e
subjetiva. Se o conhecimento racional for apenas a generalização e a repetição
para todos os seres humanos de seus estados psicológicos, derivados de suas
experiências, então o que chamamos de Filosofia, de ciência, de ética, etc. são
nomes gerais para hábitos psíquicos e não um conhecimento racional verdadeiro
de toda a realidade, tanto a realidade natural quanto a humana.
Problemas dessa natureza, freqüentes na história da Filosofia, suscitam,
periodicamente, o aparecimento de uma corrente filosófica conhecida como
ceticismo, para o qual a razão humana é incapaz de conhecer a realidade e por
isso deve renunciar à verdade. O cético sempre manifesta explicitamente dúvidas
toda vez que a razão tenha pretensão ao conhecimento verdadeiro do real.
  
Fonte: Chaui, Marilena. Convite à filosofia, Unidade 2, Capítulo 3.

3 comentários:

  1. oi jeni, nossa q dificil, é ate meio dificil de compreender 'haha amei o texto amiga <3
    jeni me visite tambem:
    gilvaniaevans.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oii Gil. Verdade, tem alguns textos filosóficos (a maioria deles) que é meio difícil mesmo de entender, fico feliz que você tenha gostado do texto amiga, e com certeza vou visitar o seu blog sim. Beijos e volte sempre. :) <3

      Excluir