Os vários exemplos que
mencionamos neste capítulo indicam concepções
diferentes da verdade.
No caso de Mário de Andrade e
Clarice Lispector, o problema da verdade está
ligado ao ver, ao perceber. No
caso de Fernando Pessoa, Carlos Drummond,
Shakespeare e Orwell, a verdade
está ligada ao dizer, ao falar, às palavras. No
caso de Umberto Eco, a verdade
está ligada ao crer, ao acreditar.
Para a atitude natural ou
dogmática, o verdadeiro é o que funciona e não
surpreende. É – como vimos – o já
sabido, o já dito e o já feito. Verdade e
realidade parecem ser idênticas e
quando essa identidade se desfaz ou se quebra,
surge a incerteza que busca
readquirir certezas.
Para a atitude crítica ou
filosófica, a verdade nasce da decisão e da deliberação de
encontrá-la, da consciência da
ignorância, do espanto, da admiração e do desejo
de saber. Nessa busca, a
Filosofia é herdeira de três grandes concepções da
verdade: a do ver-perceber, a do falar-dizer e a do
crer-confiar.
Fonte: Chaui, Marilena. Convite à filosofia, Unidade 3, Capítulo 2. (pág. 122)
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