O filósofo inglês Peirce
considera que, além da dedução e da indução, a razão
discursiva ou raciocínio também
se realiza numa terceira modalidade de
inferência, embora esta não seja
propriamente demonstrativa. Essa terceira
modalidade é chamada por ele de abdução.
A abdução é uma espécie de
intuição, mas que não se dá de uma só vez, indo
passo a passo para chegar a uma
conclusão. A abdução é a busca de uma
conclusão pela interpretação
racional de sinais, de indícios, de signos. O exemplo
mais simples oferecido por Peirce
para explicar o que seja a abdução são os
contos policiais, o modo como os
detetives vão coletando indícios ou sinais e
formando uma teoria para o caso
que investigam.
Segundo Peirce, a abdução é a
forma que a razão possui quando inicia o estudo
de um novo campo científico que
ainda não havia sido abordado. Ela se aproxima
da intuição do artista e da
adivinhação do detetive, que, antes de iniciarem seus
trabalhos, só contam com alguns
sinais que indicam pistas a seguir. Os
historiadores costumam usar a
abdução.
De modo geral, diz-se que a
indução e a abdução são procedimentos racionais
que empregamos para a aquisição
de conhecimentos, enquanto a dedução é o
procedimento racional que
empregamos para verificar ou comprovar a verdade
de um conhecimento já adquirido.
Fonte: Chaui, Marilena. Convite à filosofia, Unidade 2, Capítulo 2.
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