quarta-feira, 15 de abril de 2015

As três concepções da verdade



Os vários exemplos que mencionamos neste capítulo indicam concepções
diferentes da verdade.
No caso de Mário de Andrade e Clarice Lispector, o problema da verdade está
ligado ao ver, ao perceber. No caso de Fernando Pessoa, Carlos Drummond,
Shakespeare e Orwell, a verdade está ligada ao dizer, ao falar, às palavras. No
caso de Umberto Eco, a verdade está ligada ao crer, ao acreditar.
Para a atitude natural ou dogmática, o verdadeiro é o que funciona e não
surpreende. É – como vimos – o já sabido, o já dito e o já feito. Verdade e
realidade parecem ser idênticas e quando essa identidade se desfaz ou se quebra,
surge a incerteza que busca readquirir certezas.
Para a atitude crítica ou filosófica, a verdade nasce da decisão e da deliberação de
encontrá-la, da consciência da ignorância, do espanto, da admiração e do desejo
de saber. Nessa busca, a Filosofia é herdeira de três grandes concepções da
verdade: a do ver-perceber, a do falar-dizer e a do crer-confiar.

Fonte: Chaui, Marilena. Convite à filosofia, Unidade 3, Capítulo 2. (pág. 122)

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