segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Conhece-te a ti mesmo



   A ampla pesquisa do conhecimento de si, que desenvolve desde as primeiras indagações socráticas até às novas tecnologias atuais teve êxito? E se sim, elas ajudaram o homem no viver melhor? 


   O homem tem muitos motivos para orgulhar-se de seus feitos. Acredita fielmente na sua capacidade de conhecer. Como verdadeiros arautos da Ciência, chegamos aos confins do universo. Planetas e estrelas desvendados em seus detalhes e pormenores. Chegamos às fronteiras do tempo e do espaço, ao começo de tudo. Dos maiores e mais ousados limites, chegamos também aos menores. Dos tecidos, vimos as células, os projetos da vida do DNA, os tijolos da matéria nos átomos e até mesmo aquilo de que são feitas as partículas “indivisíveis”.
    A fenomenal viagem do conhecimento é vigorosa, e, quem sabe, nunca tenha sido tão próspera quanto nos dias de hoje. Com a ajuda da Tecnologia, fazemos o impensável, visamos ao infinito. Mas, ainda, o filósofo pergunta: por mais vigoroso que seja este desenvolvimento, no que ele nos ajuda a viver melhor?
    A esta mesma Tecnologia que nos leva a fazer o antes impensável, atribuímos outras tantas utilidades. Buscamos resolver nossos problemas recorrendo a elementos externos a nós. Remédios para a tristeza, fórmulas existenciais, viagens, idas ao shopping. A própria ideia de uma indústria do entretenimento pode ser vista como alienante de nós mesmos, realizando na fantasia desejos da vida real.
    Ocupamos nosso tempo com todas as distrações que a sociedade pode nos apresentar. E, ainda, não param de subir os índices de tristeza, depressão, insatisfação, tédio. Buscando alegrias fora de nós, cada vez menos somos capazes nós mesmos de gerá-las. Com tantas rotas de fuga existenciais, falhamos em perceber e em exercitar a capacidade de lidar com as intempéries da vida, tão inevitáveis como qualquer fato natural. Preocupados em sermos mais tecnológicos, perdemos a chance de sermos mais humanos.
    Na Filosofia, o tema sobre o conhecimento de si encontra suas versões mais preocupadas com a felicidade e com o bem viver, valorizando e preservando nossa humanidade. Que não tem por finalidades nos tornar mais eficazes ou mais rentáveis, apenas mais felizes.
    Muitas foram as abordagens filosóficas do conhecimento de si. Elas passam de uma tomada de consciência inicial para uma disposição de vida. Um novo modo de viver, cuidando de si mesmo, atento às especificidades e necessidades que são só nossas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário