quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O que é o ser

  
    Definir o substantivo ser no contexto filosófico é uma tarefa bastante delicada. Como se observa em relação a vários outros conceitos filosóficos, cada pensador deu uma pincelada, tirou ou acrescentou algo, às vezes até colocando suas distintas interpretações em contradição. E quanto mais abstrato o conceito, mais isso parece ocorrer.
    Podemos dizer, no entanto, de maneira simplificada, que ser é um termo genérico usado para se referir a qualquer coisa que é, qualquer coisa que existe – por exemplo, um homem, uma mulher, um pássaro ou uma pedra. Nesse sentido, o termo mais adequado e específico seria ente.
    Normalmente, porque esses entes “se apresentam” a nós de maneira caracteristicamente própria e distinta – Isto é, de tal forma que um não se confunde com outro, como um pássaro não se confunde com uma pedra, uma mesa ou um ser humano -, tendemos a pensar que eles são algo caracteristicamente próprio e distinto.
    Ora, se supomos que todas essas “coisas” são de maneira caracteristicamente própria e distinta, acabamos inferindo que ela “tem” algo que lhes é inerente, intrínseco, essencial, que as constitui e determina. Portanto, o termo ser também pode ser definido, stricto sensu, como aquilo que uma coisa (um ser ou ente) é ou “tem” que lhe é próprio e que não depende de outros seres ou de quaisquer circunstâncias para ser.
    O ser, neste último sentido, ficou conhecido mais tarde, no jargão filosófico, como coisa em si, expressão adotada pelo filósofo alemão Immanuel Kant no século XVIII. Assim, no primeiro sentido, seria a coisa; no segundo, a coisa em si. 

Inerente – que está em algo (ou alguém), fazendo parte dele de maneira inseparável.
Intrínseco – que vem de dentro e faz parte de algo (ou alguém) como próprio (por oposição a extrínseco, que vem de fora).
   
    Assim, articulando a primeira acepção de ser com a segunda, podemos entender que o estudo do “ser enquanto ser” é o estudo daquilo que existe em seus termos mais essenciais e absolutos. Por isso dizemos que a metafísica é a busca da realidade fundamental de qualquer coisa ou de tudo. É a tentativa de saber como as coisas são de verdade, livres das aparências.

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