Suas recentes pesquisas abordam a relação entre a linguagem usada para a formulação de problemas em experiências cognitivas, morais e estéticas e a natureza humana a partir de Kant. Quais são os resultados obtidos até agora?

• Perez- Os resultados de uma pesquisa filosófica podem ser compreendidos nos termos de reformulações conceituais. Em Kant e o problema da significação trabalhei, a partir da linha de pesquisa de Zeljko Loparic, as condições lógico-semânticas de possibilidade de formulação de problemas cognitivos, éticos e estéticos. Quer dizer, mostrei como é possível a partir de Kant, formular proposições com sentido em diferentes campos semânticos e desse modo enunciar problemas nesses campos. Isto serve para compreender que os limites da resolução de problemas cognitivos dependem das regras lógico-semânticas de formulação. Por isso, os problemas matemáticos se resolvem com as regras de formulação de problemas da Matemática ou os problemas estéticos com as regras da Estética. Se eu quiser resolver os problemas de um campo com as regras do outro, quebro o jogo e o problema se torna sem sentido. Há alguns anos, não estudo as regras de formulação de problemas senão também a natureza do agente capaz de executar as regras. Quer dizer, para poder formular um problema preciso de regras de formulação também do agente que opere essas regras. A pergunta pelo agente operador é a pergunta pelo ser finito capaz de formular problemas, o que Kant colocou sob a pergunta o que é o homem? Como podemos entender algo como uma "natureza humana" capaz de formular problemas e até mesmo oferecer resolução? De um ponto de vista Kantiano, essa "natureza" não é apenas fisiológica, deve incluir também o jogo das representações mentais, isso nos conduz de uma visão naturalista para um ponto de vista pragmático e nos obriga a estudar não só o que a natureza faz do homem senão o que o homem faz, pode e deve fazer de si mesmo. A natureza humana de um ponto de vista pragmático tem a peculiaridade de se auto-produzir.