terça-feira, 11 de novembro de 2014

Sócrates: a dialética

   Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.C.) é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega. Os filósofos que o antecederam são chamados de pré-socráticos e os que o sucederam, de pós-socráticos. O próprio Sócrates, porém, não deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários.
   Sócrates era filho de um escultor e de uma parteira. Dupla herança que, simbolicamente, o levou a buscar esculpir uma representação autêntica do ser humano, fazendo-o dar à luz suas próprias ideias.
   O estilo de vida de Sócrates assemelhava-se, exteriormente, ao dos sofistas, embora não "vendesse" seus ensinamentos. Desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando com os jovens, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à consciência prática ou moral.
   Tanto quanto os sofista, Sócrates abandonou a preocupação dos filósofos pré-socráticos em explicar a natureza e concentrou-se na problemática do ser humano. No entanto, contrariamente aos sofistas, opunha-se, por exemplo, ao relativismo quanto à questão da moralidade e ao uso da retórica para atingir interesses particulares.

Debate com sofistas 

   Embora tenha sido, em sua época, confundido com os sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com esses filósofos. Procurava um fundamento último para as interrogações humanas (O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?), ao passo que os sofistas - conforme a visão de seus críticos - situavam suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a investigação de uma essência da virtude, da justiça, do bem etc., a partir da qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada.
   A pergunta fundamental que Sócrates tentava responder era: o que é a essência do ser humano? Ele respondia dizendo que o ser humano é a sua alma, entendendo-se "alma", aqui, como a sede da razão, o nosso eu consciente, que inclui a consciência intelectual e a consciência moral, e que, portanto, distingue o ser humano de todos os outros seres da natureza.
   Por isso, o autoconhecimento era um dos pontos básicos da filosofia socrática. "Conhece-te a ti mesmo", frase inscrita no Oráculo de Delfos, era a recomendação primordial feita por Sócrates a seus discípulos. 

Diálogo crítico

   Sua filosofia era desenvolvida mediante o diálogo crítico (ou dialética) com seus interlocutores, o qual pode ser dividido em dois momentos básicos:
  • refutação ou ironia - etapa em que Sócrates interrogava  seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber, formulando-lhes perguntas e procurando evidenciar suas contradições. Seu objetivo era fazê-los tomar consciência profunda de suas próprias respostas, das consequências que poderiam ser tiradas de suas reflexões, muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos;
  • maiêutica - etapa em que Sócrates propunha aos discípulos uma nova série de questões, com o objetivo de ajudá-los a conceber ou reconstruir suas próprias ideias. Por isso, essa fase é chamada de maiêutica, termo que em grego significa "arte de trazer à luz".

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