terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A abdução



O filósofo inglês Peirce considera que, além da dedução e da indução, a razão
discursiva ou raciocínio também se realiza numa terceira modalidade de
inferência, embora esta não seja propriamente demonstrativa. Essa terceira
modalidade é chamada por ele de abdução.
A abdução é uma espécie de intuição, mas que não se dá de uma só vez, indo
passo a passo para chegar a uma conclusão. A abdução é a busca de uma
conclusão pela interpretação racional de sinais, de indícios, de signos. O exemplo
mais simples oferecido por Peirce para explicar o que seja a abdução são os
contos policiais, o modo como os detetives vão coletando indícios ou sinais e
formando uma teoria para o caso que investigam.
Segundo Peirce, a abdução é a forma que a razão possui quando inicia o estudo
de um novo campo científico que ainda não havia sido abordado. Ela se aproxima
da intuição do artista e da adivinhação do detetive, que, antes de iniciarem seus
trabalhos, só contam com alguns sinais que indicam pistas a seguir. Os
historiadores costumam usar a abdução.
De modo geral, diz-se que a indução e a abdução são procedimentos racionais
que empregamos para a aquisição de conhecimentos, enquanto a dedução é o
procedimento racional que empregamos para verificar ou comprovar a verdade
de um conhecimento já adquirido.

Fonte: Chaui, Marilena. Convite à filosofia, Unidade 2, Capítulo 2.

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