sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O fim da Filosofia



No século XIX, o otimismo positivista ou cientificista levou a Filosofia a supor
que, no futuro, só haveria ciências, e que todos os conhecimentos e todas as
explicações seriam dados por elas. Assim, a própria Filosofia poderia
desaparecer, não tendo motivo para existir.
No entanto, no século XX, a Filosofia passou a mostrar que as ciências não
possuem princípios totalmente certos, seguros e rigorosos para as investigações,
que os resultados podem ser duvidosos e precários, e que, freqüentemente, uma
ciência desconhece até onde pode ir e quando está entrando no campo de
investigação de uma outra.
Os princípios, os métodos, os conceitos e os resultados de uma ciência podem
estar totalmente equivocados ou desprovidos de fundamento. Com isso, a
Filosofia voltou a afirmar seu papel de compreensão e interpretação crítica das
ciências, discutindo a validade de seus princípios, procedimentos de pesquisa,
resultados, de suas formas de exposição dos dados e das conclusões, etc.
Foram preocupações com a falta de rigor das ciências que levaram o filósofo
alemão Husserl a propor que a Filosofia fosse o estudo e o conhecimento
rigoroso da possibilidade do próprio conhecimento científico, examinando os
fundamentos, os métodos e os resultados das ciências. Foram também
preocupações como essas que levaram filósofos como Bertrand Russel e Quine a
estudar a linguagem científica, a discutir os problemas lógicos das ciências e a
mostrar os paradoxos e os limites do conhecimento científico. 

Fonte: Chaui, Marilena. Convite à filosofia, Capítulo 5.

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