terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A dedução



Dedução e indução são procedimentos racionais que nos levam do já conhecido
ao ainda não conhecido, isto é, permitem que adquiramos conhecimentos novos
graças a conhecimentos já adquiridos. Por isso, se costuma dizer que, no
raciocínio, o intelecto opera seguindo cadeias de razões ou os nexos e conexões
internos e necessários entre as idéias ou entre os fatos.
A dedução consiste em partir de uma verdade já conhecida (seja por intuição,
seja por uma demonstração anterior) e que funciona como um princípio geral ao
qual se subordinam todos os casos que serão demonstrados a partir dela. Em
outras palavras, na dedução parte-se de uma verdade já conhecida para
demonstrar que ela se aplica a todos os casos particulares iguais. Por isso
também se diz que a dedução vai do geral ao particular ou do universal ao
individual. O ponto de partida de uma dedução é ou uma idéia verdadeira ou uma
teoria verdadeira.
Por exemplo, se definirmos o triângulo como uma figura geométrica cujos lados
somados são iguais à soma de dois ângulos retos, dela deduziremos todas as
propriedades de todos os triângulos possíveis. Se tomarmos como ponto de
partida as definições geométricas do ponto, da linha, da superfície e da figura,
deduziremos todas as figuras geométricas possíveis.
No caso de uma teoria, a dedução permitirá que cada caso particular encontrado
seja conhecido, demonstrando que a ele se aplicam todas as leis, regras e
verdades da teoria. Por exemplo, estabelecida a verdade da teoria física de
Newton, sabemos que: 1) as leis da física são relações dinâmicas de tipo
mecânico, isto é, se referem à relações de força (ação e reação) entre corpos
dotados de figura, massa e grandeza; 2) os fenômenos físicos ocorrem no espaço
e no tempo; 3) conhecidas as leis iniciais de um conjunto ou de um sistema de
fenômenos, poderemos prever os atos que ocorrerão nesse conjunto e nesse
sistema.
Assim, se eu quiser conhecer um ato físico particular - por exemplo, o que
acontecerá com o corpo lançado no espaço por uma nave espacial, ou qual a
velocidade de um projétil lançado de um submarino para atingir um alvo num
tempo determinado, ou qual é o tempo e a velocidade para um certo astro realizar
um movimento de rotação em torno de seu eixo -, aplicarei a esses casos
particulares as leis gerais da física newtoniana e saberei com certeza a resposta
verdadeira.
A dedução é um procedimento pelo qual um fato ou objeto particulares são
conhecidos por inclusão numa teoria geral.
Costuma-se representar a dedução pela seguinte fórmula:
Todos os x são y (definição ou teoria geral);
A é x (caso particular);
Portanto, A é y (dedução).
Exemplos:
1.
Todos os homens (x) são mortais (y);
Sócrates (A) é homem (x);
Portanto, Sócrates (A) é mortal (y).
2.
Todos os metais (x) são bons condutores de eletricidade (y);
O mercúrio (A) é um metal (x);
Portanto, o mercúrio (A) é bom condutor de eletricidade (y).
A razão oferece regras especiais para realizar uma dedução e, se tais regras não
forem respeitadas, a dedução será considerada falsa.

Fonte: Chaui, Marilena. Convite à filosofia, Unidade 2, Capítulo 2.

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